Do imaginário popular nasce uma cidade, um mito…
Há séculos, muitos séculos, quando a terra era de todos, existiam muitas espécies raras e uma diversidade enorme de tribos indígenas.
Certo dia, Aça, o guerreiro mais forte da tribo Kariri, apaixonou-se pela filha do cacique da tribo Karius. E é aí que começa essa aventura.
Nas leis do povo Karius um guerreiro Kariri só poderia casar-se com uma índia Karius se oferece – lhe uma caça muito rara da região.
O guerreiro já apaixonado pela linda índia saiu de sua tribo e dirigiu-se até os Karius, chegando lá disse:
– Grande chefe da nação Karius, sou o guerreiro Aça da tribo Kariri, vim até aqui para casar-me com sua filha.
– Guerreiro Kariri deves saber que só permitimos o casamento de nossas mulheres com guerreiros de outra tribo se o guerreiro vencer o desafio imposto por mim.
– Muito bem grande chefe qual o desafio que devo cumprir? Perguntou o Aça.
Naquele tempo corria entre as tribos, que em uma região próxima dali viva um pássaro de plumagem negra, com olhos amarelos e brilhantes que tinha o poder de curar doenças. Para muitos índios o pássaro era só uma lenda, inclusive para o grande chefe Karius. Então o chefe resolveu :
– Grande guerreiro kariri se quiser casar com minha filha terá que trazer para mim o grande pássaro sagrado Ré, para ajudar a proteger meu povo de doenças.
Destemido Aça saiu em procura do grande pássaro, andou dias e dias, mata à dentro, rodou toda a região. Após cinco dias de procura o guerreiro já cansado para em baixo de uma arvore frondosa em busca de descanso e adormeceu. Observando o índio dormindo estava uma onça preta preparando – se para atacá-lo. O índio escuta um barulho e acorda assustado, nesse momento o bicho o ataca e travam uma grande luta até que o guerreiro consegue matar o animal feroz. Mas a fera o deixou muito ferido quase sem poder andar. E o índio começou a clamar:
– Grande pássaro sagrado, por favor, ajude – me!
De repente da alta escuridão das árvores aparece um olhar brilhante que se aproxima rapidamente e pousa no ombro do índio e ao olhar para as feridas do guerreiro o seu olho brilhou e todas as enfermidades sumiram.
– Obrigado por acreditar que sou real! Exclamou o pássaro.
– Grande pássaro Ré obrigado por me salvar, mas vim aqui para caçá-lo, pois o povo Karius precisa de sua ajuda! Por favor, volte comigo ajude o povo e assim me ajudará de novo fazendo com que eu possa casar com a filha do chefe.
– Guerreiro que de longe veio a minha procura acreditou que sou real, por isso irei com você ajudar a tribo. Respondeu o pássaro.
Assim Aça e Ré voltaram para a tribo Karius e como era uma promessa o chefe permitiu que ele se casasse com a sua filha. Após o casamento Aça retornou para o lugar que o pássaro o encontrou e ajudou, e decidiu morar ali com a sua esposa.
– Minha amada esposa esse lugar é sagrado, foi onde conseguir encontrar o grande pássaro que cura e te – lá como esposa, por isso irá morar aqui nessas terras comigo.
– Meu amado e forte guerreiro Kariri vamos chamar estas terras de Açaré unindo sua força guerreira à sabedoria do pássaro Ré para dar nome a essas terras, teremos solos férteis e água em abundancia para nossos filhos.
Desta maneira surgiu a pequena comunidade de Açaré com a união de povos e virtudes.
História colhida do Imaginário Popular Assareense
(Sr. Luiz Paes de Castro – in Memorian 92 anos)
Marcos Salmo Lima Barreto