Oi lança edital de apoio a projetos via leis de incentivo fiscal

A Oi é uma das maiores patrocinadoras da cultura brasileira e tem, nos últimos dez anos, acreditado no poder transformador da arte. Com o Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados, apoia projetos nas mais diversas regiões do País e nas mais variadas áreas artísticas, reafirmando anualmente, em Editais Públicos, seu compromisso com a cultura.

Esse apoio tem se concretizado por meio da seleção de projetos culturais em duas linhas de investimento. A primeira delas corresponde à Seleção Nacional de Projetos Culturais 2014/2015, voltada a projetos apoiados por Leis Estaduais de Incentivo à Cultura em todo o Brasil. Já a segunda é a Seleção da Programação dos Centros Culturais Oi Futuro 2014/2015 no Rio de Janeiro, para projetos inscritos nas Leis Estaduais e Municipais de Incentivo à Cultura.

Desde sua primeira edição, duas referências principais têm orientado a seleção realizada pelos Editais. Estimular novas linguagens artísticas, apoiando criações que proponham e promovam o cruzamento entre arte, ciência e tecnologia, e a convergência de meios e de suportes. E promover a democratização do acesso à produção artística pela valorização de projetos mobilizadores de público e que fomentem a formação de plateias, dialogando especialmente com o público jovem.
Esta nova edição do Edital mantém essas referências. Por um lado, enfatizando o uso inovador da tecnologia nas suas variadas possibilidades. Por outro, convidando artistas e criadores a desenvolver e disponibilizar conteúdos digitais para promover uma circulação ainda mais abrangente da produção cultural brasileira.

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A Fundação Balceiro de Cultura Popular no processo de apropriação e reconhecimento da identidade cultural de jovens na cidade de Assaré.

Marcos Salmo Lima Barreto[1]

 RESUMO:

 As questões de reconhecimento de identidade cultural, principalmente no que diz respeito à compreensão da ancestralidade, memória e etnia, são alguns dos problemas em cidades desprovidas de ações culturais mais concretas, focada em um grupo especifico ou ainda sem aproveitamento de potencial cultural permitindo o acesso da população a esses bens de forma comum, somada ainda essa falta de apropriação de identidade esta a evolução da globalização tecnológica e de cultura de massa.

Para ir de encontro as essas transformações e a descaracterização da identidade cultural, nesse artigo utilizando como estudo de caso as ações da Fundação Balceiro de Cultura Popular, no município de Assaré, Estado do Ceará, iremos buscar refletir e compreender a importância da instituição e suas ações para o fortalecimento da identidade cultural de jovens da cidade de Assaré, através do protagonismo dos mesmos, partindo do reconhecimento da importância da obra de Patativa do Assaré e redescobrindo a diversidade cultural local e entender como a entidade se configura como um dos principais vetores de transformação social e cultural no ambiente escolar e comunitário.

 Palavras Chaves: Identidade Cultura, Fundação Balceiro, Ações Culturais e Apropriação.

 Introdução.

             Antes mesmo de nos aprofundarmos um pouco mais sobre o objetivo desse trabalho é necessário compreendermos alguns conceitos importantes o qual esse estudo de caso está inserido. A palavra ou conceito de cultura é multidiscursiva, podendo ser definida em diversos contextos, tais como intelectual ou artística, mas aqui utilizaremos uma definição um pouco mais antropológica e sociológica, onde Barros (. 2008, p. 20) apud Silva, afirma que: “a cultura engloba os aspectos que definem a identidade de uma pessoa, dos grupos e das sociedades como valores, percepções, imagens, formas de expressão, comunicação”. Eleconceitua cultura como algo ligado mais as interações e integrações sociais como os valores adquiridos, a forma como as pessoas se expressão e como elas se comunicam entre si.

Outra importante compreensão é o da identidade cultural com representação de uma construção pelos grupos sociais ao longo da história, nas suas mais diversas formas de subsistência, nas relações sociais, políticas, educacionais, cotidianas, na produção do conhecimento, na interação com outros grupos em um determinado território, formado a partir de diversas influencias étnicas, raciais, onde os grupos sociais envolvidos se reconheçam como detentores dessas diferentes dimensões simbólicas, conforme atesta Stuart Hall (1999), “Uma identidade cultural enfatiza aspectos relacionados a nossa pertença a culturas étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas, regionais e/ou nacionais.”

A entidade analisada para esse artigo é a Fundação Balceiro de Cultura Popular, uma instituição de caráter artístico, cultural e beneficente, instituída pelos fundadores do grupo junino Arraia do Patativa. Ela é uma entidade civil, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos. E tem por finalidade promover ações, projetos e programas de fruição, preservação, difusão, promoção e compartilhamento de bens e serviços culturais com atividades direcionadas à adolescentes e jovens da cidade de Assaré no interior do Ceará.

A instituição desenvolve suas atividades na busca de que a identidade do jovem urbano, em meio à quantidade de informações dos mais variados setores decorrentes do processo de globalização e valorização da cultura de massa, facilitada pelo avanço da tecnologia, pela difusão quase que simultânea à ocorrência dos fatos, não perca o sentido de pertencimento de sua identidade cultural.

A metodologia de apropriação, redescoberta e fortalecimento da identidade cultural utilizada pela Fundação Balceiro na zona urbana de Assaré, se fundamenta ainda no entendimento que a continuidade e valorização das diferentes dimensões simbólicas da identidade cultural daquele território, não é um bem imaterial fixo, quanto menos imutável, ela apresenta – se por diferentes releituras e alterações decorridas de forma dinâmica, acompanhando o processo evolutivo e desenfreado da globalização e as novas tecnologias, assim os valores, costumes, crenças, hábitos e falas ganharam novas estruturas, condizente com as mudanças ocorridas nos grupos sociais.

Desta forma este trabalho nos conduz a uma reflexão proativa da importância da utilização de ferramentas, ações, projetos, atividades culturais, organização social, protagonizadas por jovens com idade entre 15 e 29 anos de idade como mecanismos fundamental dos processos de apropriação e reconhecimento da identidade cultural na cidade de Assaré.  Assim esse artigo objetiva uma analise dos comportamentos sociais de jovens através da influência da Fundação Balceiro de Cultura Popular.

 1.0 – A cidade de Assaré e o seu contexto histórico – cultural.

 A história relata que a cidade de Assaré até o ano de 1775 era apenas um campo devastado sem nenhuma vegetação, exceto a existência de alguns pereiros e canaúbas espalhadas pela futura cidade. Naquele ano Alexandre da Silva Pereira, filho de Manoel da Silva, comprando as terras do local e redondezas, veio estabelecer-se com a toda a família, criação de animais  e escravos.

O proprietário tornou-se muito conhecido e respeitado, em todas as regiões, desde a mais próxima até as mais distantes, dada a facilidade de intercâmbio, tendo em vista o fato das terras assareenses esta localizada na divisão de duas regiões. Segundo o IBGE (2010):

“ali se cruzavam as mais movimentadas estradas da época: a Cariri – Inhamuns com o Piauí – Sertões do Baixo (Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte); resultando um “pouso certo” e confortável para os transeúntes que aproveitavam as ocasiões para transações, transformando a fazenda em entreposto comercial”.

 Com essa movimentação Antonio da Silva Pereira, buscando promover o povoamento da região, doou diversas terras em torno da fazenda, preocupando – se em deixar uma boa parte das terras para a futura igreja.

Em 1831 foi elevado a distrito de paz. A sede da freguesia, entretanto, ficou em Santana do Brejo Grande (1838), local impróprio. A construção da igreja matriz começou em 1842 no local da antiga capelinha.  Em 1844, foi construído, nas terras da igreja, o simbólico  açude  denominado de “Banguê.

O Município de Assaré surgiu a 19 de julho de 1865.

Hoje o  município de Assaré, com 147 anos, continua localizado na região agora denominada de semi-árido nordestino, especificamente no sertão da macro-região do Cariri/Centro Sul, no estado do Ceará. Com uma população de 21.612 habitantes (fonte IBGE). Que possui com cidades limitrofes ao norte Antonina do Norte e Tarrafas, ao sul com Potengi, Santana do Cariri e Altaneira, a leste com Altaneira e Farias Brito e oeste com Antonina do Norte e Campos Sales, terra banhada pelos rios Felipe e Bastiões.

 2.0 – Patativa do Assaré ou Assaré do Patativa ?

 A cidade de Assaré é conhecida mundialmente pela obra do poeta Antonio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré. Ele nasceu em 5 de março de 1909 na Serra de Santana, zona rural, no município de Assaré.

O poeta agricultor publicou o livro Inspiração Nordestina, em 1956,  Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré, e ainda os livros Ispinho e Fulo, Aqui Tem Coisa, Balceiro I, e II em parceria com o sobrinho e também poeta Geraldo Alencar.

Sua obra vem sendo estudada na Universidade de Sorbonne, na cadeira da Literatura Popular Universal, levada pelo Professor Raymond Cantel. Patativa do Assaré era unanimidade no papel de poeta mais popular do Brasil. A francesa Sylvie Debs, a Profa. Dra. Ria Lemaire, da Universidade de Poitiers – França, professora emérita desta Universidade e coodenadora do Fonds Raymund Cantel de literatura de cordel brasileira, o Dr. Gilmar de Carvalho da Universidade Federal do Ceará, Candido BC Neto da Universidade Estadual do Ceará são alguns dos estudiosos da obra de Patativa do Assaré.

O cotidiano de Antonio Gonçalves foi a principal fonte inspiradora do poeta, o seu espaço de construção real e simbólica, ofereceu – lhe um crescimento físico, intelectual a partir da audição dos causos, das histórias populares, das cantorias pé de paredes e a literatura de cordel, suas principais fontes de informação.

As criações poéticas de Patativa do Assaré ganhou logo os palcos musicais, teatrais, espaços na TV e no rádio, rendeu livros, biografias, estudos em universidades estaduais, federais e estrangeiras.

Para o professor Eugenio Oliveira (2012) : ‘‘Patativa propõe uma luta, sem tréguas, entre o pessoal e o solidário, entre o que amealha para si e o que sonha com uma construção de um mundo mais justo. Luta contra o inimigo/monstro bicho de sete cabeças, chamado sistema, como todas as suas iniqüidade ’’.

 Patativa desempenhou o seu papel como cidadão, artista e revolucionário, que ao seu modo soube lutar pelos seus direitos,defendeu o povo que tiveram o seu direito usurpado, bem como soube clamar e reafirmar o seu dever como cidadão.

As denúncias e questões sociais envolvidas na obra do poeta Patativa do Assaré, trouxe notoriedade para a cidade de Assaré, que passou a ser visitada por estudantes, pesquisadores, jornalistas de todo o Brasil para conhecer o poeta sem estudo formal de tamanha sabedoria.

Essas visitas, estudos e obras sobre o poeta, fomentou um grupo de artistas assareenses à criarem uma entidade que viesse a preservar e valorizar a vida e a obra do poeta patativa do assaré. Foi quando em 1998 o governo de Tasso Jereissati, a Secretaria da Cultuara do Estado do Ceará e Prefeitura Municipal de Assaré, apoiaram a compra, reforma e instalação de um sobrado do século XVII, para abrigar um museu que expusesse a vida e a obra do filho mais ilustre da cidade, Patativa do Assaré. Em 05 de março de 1999 foi então inaugurado o Memorial Patativa do Assaré, que possuem mais de 1.200 peças no seu acervo.

A partir dessa primeira transformação cultural, a cidade passou a sofrer outras influências no ponto de vista educacional, político, social e cultural. A chegada do museu promoveu mudanças significativas, como a instalação de um sistema de abastecimento de água, terminal rodoviário, sistema de eletrificação rural, estudo da obra nas escolas do município e ao longo de sete anos mudanças nas políticas culturais da cidade.

 3.0 – Políticas Públicas de Cultura em Assaré.

 O desafio de uma política de cultura municipal é o de aumentar as opções culturais de seus habitantes, incentivando a preservação, difusão, fruição e promoção da cultura, mantendo sempre as fronteiras abertas.

A cidade de Assaré possui uma estrutura administrativa de uma Secretaria da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, entretanto as suas ações não são políticas públicas efetivas e sim políticas de governo. Durante 07 anos e meio da atual gestão municipal, a referida pasta tem desenvolvido eventos como o “Patativa do Assaré em Arte e Cultura” se consolidou como um evento de porte estadual, nos seus cinco dias de acontecimento oferece o acesso da população a bens culturais, materiais e imateriais diversificados, troca de experiências e conhecimentos, gerado trabalho e renda temporário. Outra política é direcionada na promoção da leitura, com ações que garantem a comunidade o acesso ao livro e leitura. Na Biblioteca Pública Municipal, existe um acervo de 3.500 livros e a sua visitação e empréstimo anual aproximassem em mais de 8.000 livros.

A formação artística desenvolvida pela gestão pública também se configura como outro importante fator para a promoção da cultura no município, fortalecido pelos estabelecimentos de parceria público, privado como a Fundação Memorial Patativa do Assaré, Centro Cultural Banco do Nordeste, Secretaria da Cultura do Ceará e o Ministério da Cultura, atendendo jovens da zona rural com aulas de violão, flauta e percussão, promoção da leitura, etc.

Outro destaque é o reconhecimento de ordem pública de trinta pessoas detentoras de saberes e fazeres populares, como salvaguarda do patrimônio imaterial da cidade, apresentando os mestres a população, as escolas, etc.

Esses programas de governo e outros eventos, apoios e ações levaram ao município receber o Selo de Responsabilidade Cultural 2009 e 2010, titulo outorgado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará para os municípios que mais investem em cultura.

É notória a influência do ícone de Patativa do Assaré nesse processe de avanço sócio cultural da cidade, entretanto nenhuma dessas ações são seqüenciais no caso da mudança de governo em eleições.

Com isso é notório a necessidade de desenvolver outras ferramentas que garantam não apenas o desenvolvimento cultural, mas de reconhecimento e apropriação da identidade cultural por parte dos munícipes com a participação de outros atores sociais, tendo em vista a fertilidade cultural desse território a partir de uma figura de maior notoriedade.

A política Nacional de Cultura, quando o MEC ainda era composto pela Educação e a Cultura já afirmava:

“Uma pequena elite intelectual política e econômica pode conduzir, durante algum tempo, o processo do desenvolvimento. Mas será impossível a permanência prolongada de tal situação. Preciso que todos se beneficiem dos resultados alcançados. E para esse feito é necessário que todos, igualmente, participem da cultura nacional.” (Trecho do documento Política Nacional de Cultura, Brasília, MEC, 1975, p. 9.)

 Essa participação política na cultura nacional deve ser dar tanto do viés do beneficiado como no viés beneficiador, onde todos possam usufruir e promover os bens culturais. Essas práticas quando saem do campo político – institucional e transcende para a esfera civil, onde o povo é o agente fomentador e transformador dessa fruição cultural. A Fundação Balceiro de Cultura Popular está centrada nesse território de muita ambiência cultural.

 4.0 – Balceiro e sua história.

 A Fundação Balceiro de Cultura Popular teve seu início, ainda sem planejamento apropriado e especifico para esse fim, em maio do ano 2000, quando um grupo de alunos da Escola Pública do ensino médio Raimundo Moacir Alencar Mota, em Assaré, utilizando – se do conhecimento empírico de cada envolvido, reuniram-se para um debate onde a pauta era a decisão da participação ou não nas festividades mais tradicionais e populares do Ceará, nos festejos juninos, apresentando – se em um festival competitivo, realizado pela administração pública municipal com a participação da comunidade do bairro Pedra de Fogo.

Sob a coordenação de quatro jovens com idades de 15 a 17 anos o grupo de quadrilha junina, denominado Arraiá do Patativa, começou a organizar – se no sentido de representar o município nos demais festivais juninos e competitivos da região do Cariri cearense.

Após dois anos da existência do grupo a Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Turismo e Desporto de Assaré, tornou – se participante ativo no apoio aos jovens que já encontravam – se organizados informalmente da ótica jurídica, mas muito articulados do ponto de vista sócio cultural. A gestão pública passou a apoiar a circulação do grupo.

Já com uma participação mais ativa e ampliada em número de jovens e com a ajuda do então gestor da pastada citada, Prof. Eugênio Oliveira, o Arraiá do Patativa passou pelo processo de reestruturação, no que diz respeito a ampliar suas ações, voltado para a busca e (re) descobertas das manifestações folclóricas e culturais de Assaré.

Fundamentados na vida e obra de Patativa do Assaré, o Arraiá do Patativa, começou a reunir – se para debater, e discutir as diretrizes, objetivos e finalidades da entidade, que iriam compor o documento que viria a reger a entidade. Os jovens começaram a definir em debates realizados por várias vezes, em diferentes residências dos participantes os 89 artigos que regem o seu Estatuto, à partir desse momento, ocorrido no ano de 2007, recebeu a denominação de Fundação Balceiro de Cultura Popular.

Segundo o presidente da Fundação Balceiro, Felipe Lira, o nome da instituição foi atribuída devido a diversidade cultural da região, fazendo referencia ao balceiro realizado na agricultura familiar quando há o desmate e queima da caatinga e junta – se em um único lugar plantas diferentes, com o intuito de queima-las. A Balceiro de Cultura Popular, tendo em todas as suas atividades de atuação a diversidade cultura de Assaré e os jovens como principais atores do processo.

Nos debates de construção da entidade, segundo o capitulo II, artigo 6º do Estatuto Social da Fundação Balceiro de Cultura Popular (2007), ficou definido como principal objetivo da entidade: Art. 6.º – A Fundação visa ao desenvolvimento e aprimoramento da Cultura Popular e preservação do Patrimônio Material e Imaterial do município, especialmente no seu aspecto sócio-artístico-cultural…”. Outros critérios foram acordados de forma coletiva, sem necessariamente estarem registrados em um documento legal, uma espécie de acordo em sociedade, conhecido popularmente por “acordo de cavalheiros”, para que os jovens participassem do grupo, entre os quais, os brincantes da quadrilhas junina Arraia do Patativa, estivesse preferencialmente matriculado de forma regular na Escola, com um aproveitamento acima do exigido por Lei e uma assiduidade mínima de 90%.

As pessoas na sede do grupo possuem liberdade de conhecerem de forma gratuita a história e ações do grupo apresentadas em forma de Memorial, com espaço aberto e gratuito a visitação.

O processo de reconhecimento e identidade cultural inicia – se justamente com o processo de inclusão educacional, onde a entidade e unidades escolares interagem de forma a garantir um desenvolvimento cidadão dos participantes.

A entidade afirma ainda em seu estatuto social no parágrafo único do artigo 6º, que as suas finalidades são o de buscar o sentimento de pertencimento da identidade cultural quando no referido estatuto eles afirmam que: No cumprimento de suas finalidades, a Fundação terá como preocupação maior a busca de uma linguagem cultural e artística nordestina e brasileira, fiel aos valores, sentimentos e caráter do nosso povo”.

O prof. Eugenio (2012), hoje membro da instituição, afirma que: Se hoje somos história é porque fundamentalmente temos como princípio a valorização do ser na construção de uma sociedade mais justa e igualitária tendo como essência a construção e a conservação dos valores da vida”. É o que veremos a seguir na analise do desenvolvimento das atividades e programas como ferramentas desse processo de apropriação e reconhecimento da identidade cultural dos jovens assareenses.

 5.0 – Ações como ferramenta de apropriação de identidade.

 É notória a motivada participação dos envolvidos nos diferentes processos desenvolvidos pela entidade, onde há o respeito e aproveitamento do conhecimento empírico dos mesmos como a pedra fundamental no processo de apropriação da identidade cultural em Assaré.

A metodologia de planejamento coletivo e flexível desenvolvidos nos projetos e ações da instituição torna mais viável e claro o processo de empoderamento da identidade, a partir do contexto social dos envolvidos, fomentando segundo o presidente da entidade, Felipe Lira (2012):

“A transparência acerca dos objetivos de cada atividade, as metas a se atingir, e a interação do meio social com o cotidiano dos participantes do grupo, Nesse sentido, eles vêem nas ações da Fundação um espaço que atenda as suas necessidades como pessoas e cidadãos, cuja sua fome de aprender, é a motivação para torná-lo um ser de busca”.

Podemos afirmar que um ambiente coletivo com diversos pensamentos, pode – se canalizar as atividades com diferentes nuanças onde o reconhecimento da identidade cultural acontece naturalmente. É o que iremos verificar em uma analise das duas principais atividades protagonizadas pelos jovens envolvidos. A primeira analise é feita a partir da construção do espetáculo cênico apresentado pela quadrilha junina Arraia do Patativa.

O ciclo junino no Estado do Ceará é um dos momentos de maior mobilização social, com o envolvimento efetivo das comunidades, nos eventos, quadrilhas, quermesses, procissões dentre outras atividades. As quadrilhas juninas no Estado do Ceará, parte deste ciclo, já se tornaram uma referencia em todo o País, mesmo havendo um discurso entre quadrilhas estilizada versus quadrilhas tradicionais. As quadrilhas juninas do Estado trazem em suas apresentações temas diversificados, repletos de simbologia que compõem esse momento.

A Fundação Balceiro de Cultura Popular, através da quadrilha junina Arraia do Patativa, em suas apresentações compõem assuntos através de uma releitura artísticas de comportamentos, valores, costumes, linguagens, valorizando a peculiaridade cultural de cada pessoa, cada lugar e ainda de cada grupo de pessoas. Para Marcelo Martins (2012), brincante do grupo: “entendemos que cangaceiros, pescadores, vaqueiros, etc. todos festejam o São João e gostamos de aprender esses comportamentos, histórias e reapresenta-los ao povo em forma de quadrilha junina”.

A Quadrilha Arraia do Patativa atua no desenvolvimento, preservação e fruição das tradições juninas, os jovens participantes são em suas maioria moradores de bairros em situação de precariedade cultural, sem acessos a bens culturais materiais e imateriais.

Nessa ação a entidade proporciona aos envolvidos, métodos de aquisição e troca de conhecimentos, formação artística, empoderamento e mecanismos de sustentabilidade para o grupo, ora visto que figurinistas, compositores, diretores, coreógrafos são pessoas formadas no próprio grupo, através de oficinas e cursos.

O grupo nos seus desdobramentos, utiliza-se de outras linguagens artísticas para promover as tradições juninas, como pesquisa e mapeamentos, publicação de cordéis e produção de filmes. Ações estas que só foram possíveis com as parcerias de várias instituições públicas e privadas.

A pesquisa, concepção, criação e desenvolvimento de cada espetáculo acontece coletivamente entre os próprios participantes, onde acabam promovendo um diálogo dos figurinos, música, casamento matuto, coreografias que envolvem as quadrilhas juninas, com o imaginário popular, a linguagem sertaneja, a literatura de cordel, o artesanato em couro, com os aboios, as toadas, elementos dos reisados, caretas e bumba – meu boi, enfim com diferentes elementos que compõe o universo concreto e simbólico da cultura popular, sem que a mesma perca a sua essência.

Para ocorrer todos esses processos é ofertado aos brincantes oficinas de nivelamento de conhecimento, para que os brincantes possam conhecer e entender os diversos elementos da cultura popular, dialogando com a alegria e historicidade da quadrilha tradicional, curso de formação artística para os brincantes, além da montagem, a apresentação e circulação da quadrilha Arraia do Patativa.

O incentivo à pesquisa contribui para o fortalecimento da apropriação por essas manifestações, a prática é consequentemente o ápice do empoderamento, onde os jovens reconhecem a sua história diretamente ligada ao seu presente, o que acaba por despertar no envolvidos um amplo interesse de continuidade dessas atividades.

Esse envolvimento protagoniza ainda um reconhecimento das pessoas, que identificam – se a partir das suas memórias de um cotidiano modificado pelo processo evolutivo da globalização e começam a participar diretamente no desenvolvimento das ações.

As atividades começaram a ser levada as feiras de ciências, as festividades religiosas e aos diversos convívios sociais da comunidade. Segundo Felipe Lira (2012): “O protagonismo juvenil contribui para a melhoria do comportamento de todos no ambiente familiar e social, onde nossas ações possibilitaram a busca dos caminhos sociáveis e com isso permitiu a sociedade de se envolver na história da Fundação Balceiro”.

Nessa ação é notória que os jovens entendem que ao se apropriarem da diversidade cultural local, eles se encontram socialmente como um membro ativo na sociedade e compreendem ainda que a comunidade se espelha em muitos através da participação em algum projeto da Fundação, esses jovens que são reconhecidos, acabam facilmente inseridos na vida social da cidade, ganham mais espaços no mercado de trabalho e respeito como conhecedores de muitos conceitos e práticas culturais.

As atividades de produção do documentário “Mestres dos Saberes e Fazeres Popular de Assareense”, e de acordo com as diretrizes da instituição, é uma ação que almeja promover e compartilhar um pouco da memória imaterial local através do registro, sistematização e divulgação dos dizeres, saberes e fazeres característicos dos ofícios dos Mestres e Mestras da Cultura Popular assareense, fieis representantes da diversidade cultural assareense. Com os recursos audiovisuais, fotográficos e textuais, e fazendo uso da tecnologia digital, possibilita uma interação entre a educação e a cultura nas escolas locais e comunidade.

Esta atividade proporcionou aos jovens momentos de vivencia e troca de saberes com os entrevistados e fez com o público envolvido percebesse que estão inseridos em um universo de grande diversidade cultural, no qual algumas áreas são carentes de informações sistematizadas e divulgadas especialmente em relação aos saberes, dizeres e fazeres dos Mestres e Mestras da Cultura Popular local.

O registro audiovisual e compartilhamento de conhecimento com a rede de ensino é um recurso importante na relação mestres x jovens x comunidade escolar, se modela com metodologia inovadora onde se pode identificar uma ação concreta de como promover a busca pelo conhecimento da identidade cultural e se apropriar dela como parte de sua vida cotidiana.

As escolas começaram a partir dessas ações se apropriarem desse patrimônio e a discutir questões de identidade cultural no ambiente da comunidade e em rodas de conversa na cidade.

A ação independente e ousada das pessoas que compõem o espaço social, cultural, simbólico e real da Fundação Balceiro, contribui para o amadurecimento cultural da cidade, fazendo com que percebam que para além das incontestáveis produções poéticas do Patativa do Assaré, existem, uma diversidade cultural, que somada a lírica do poeta são indispensáveis a uma real compreensão da identidade cultural dos jovens assareense.

Conclusão

A participação dos jovens na elaboração e execução das ações, o compromisso, a capacidade de desenvolver, criar, aprender, compreender e respeitar às diversidades culturais, usufruir de forma consciente e sustentável do patrimônio material e imaterial, faz com que jovens que nasceram e convivem em plena era tecnológico, oriundos de bairros sem acesso a bens culturais, compreendam que em meio a imediatismo da vida moderna existe um caleidoscópio de símbolos que constroem os nossos costumes, valores e comportamento.

Falamos de identidade social como uma construção simbólica que se dá em relação ao outro e se constitui num processo histórico e cultural que, operando com o passado, com a ancestralidade e a hereditariedade, processa o presente e transforma-se a cada momento e a cada contexto da história (Silva, 2002 apud Silva, 2010).

A articulação cooperada entre Fundação, escola e sociedade nos afirmar que a cidade de Assaré é um espaço de muita ambiência cultural, com potencial de desenvolvimento de atividades de reconhecimento da identidade cultural. Há aqui um entendimento da cidade como um espaço de construção coletiva, com uma idéia de que cultura e identidade cultural, não estão paradas no tempo, nem tão poucas são heranças oligárquicas, mas sim uma cultura, de todos, para todos, mutável e sem perca de valores.

Assim o processo de apropriação e reconhecimento da identidade cultural local em Assaré, tem a Fundação Balceiro com importante protagonista, que compreende e compartilha com as novas gerações o conceito de que identidade cultural não está marcada pela compressão de que é algo que está no passado e precisa ser relembrado, em momentos comemorativos ou festivos, mas se apresenta – se como uma continuada e dinâmica transformação ocorrida a partir das relações sociais e culturais dos atores e agentes envolvidos, com o meio em que vivem, buscando reconhecer sua essência enquanto ser humano culturalmente existente.

REFERÊNCIAS.

 SILVA, Vera Lúcia Neri da. As interações sociais e a formação da identidade da criança negra. Universidade Federal Fluminense – UFF, julho de 2002.

 QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Identidade Cultural, Identidade Nacional no Brasil. Tempo Social – Rev. Sociologia da USP. S. Paulo, 1(1), 1. sem. 1989.

 MATTA, Roberto da. Você tem cultura? Jornal da Embratel, Rio de Janeiro, 1981.

 FLORES, Murilo Flores. A identidade cultural do território como base de estratégias de desenvolvimento – Uma visão do estado da arte. Contribuição para o Projeto Desenvolvimento Territorial Rural a partir de Serviços e Produtos com Identidade – RIMISP. Março 2006.

 SEIXAS, Renato. Identidade Cultural da América Latina: Conflitos Culturais Globais e Mediação Simbólica. Cadernos PROLAM/USP, p. 93 – 120.  (ano 8 – vol. 1 – 2008).

 BOMENY, Helena. Sociologia e cultura: ultrapassando desconfianças. Artcultura. Rev. de História, Cultura e Artes. Uberlândia (MG) , v.9, nº14, p.213-222, jan./jun.2007. Disponível em ˂http://www.cpdoc.fgv.br˃ acessado em 15/10/2012.

 TORRES, Miguel e CARVALHO, Claudia P. Mediação e Reconfiguração de Identidades: O Caso da Associação Cultural e Recreativa de Tondela (A.C.E.R.T.). VI Congresso Português de Sociologia. Mundos Sociais: Saberes e Práticas, Universidade de Nova Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Número de série 157. 25 a 28 de junho de 2008.

 SILVA, Susie Barreto da. Contextualizando e Definindo Cultura. Disponível em: ˂http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/contextualizando-definindo-cultura.htm˃ Acessado em 12/10/2012.

 OLIVEIRA, Francisco Eugênio Costa e CARVALHO, Anna Christina Farias de, Patativa do Assaré: A Inclusão da Cultura Popular no Currículo das Escolas Públicas do Município de Assaré – CE. Disponível em: ˂http://eugenioassare.blogspot.com.br/2009/08/patativa-do-assare-inclusao-da-cultura_3128.html˃ Acessado em 12/10/2012.

 SILVA, Antonio Gonçalves da Silva. Ispinho e Fulo. Editora Hedra. 1ª Edição. 2005.

 ________________, IBGE. Biblioteca Virtual. Histórico de Assaré – CE. Acessado em 12/10/2012.

 MICELI, Sérgio. Teoria e Prática da Política Cultural do Brasil. Revista Adm. Empresa. Rio de Janeiro, 24 (1): 27 – 31 . Jan a Mar. 1984. Disponível em: ˂http://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/artigos/10.1590_S0034-75901984000100003.pdf˃. Acessado em 12/10/2012.

 MARCIA, Valéria. Conceito de Cultura… Disponível em: ˂http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/213055˃ Acessado em: 12/10/2012.

 FONTES

Narrativa de Felipe Silva Lira, 27 anos, presidente da Fundação Balceiro de Cultura Popular, residente a avenida Honório Vila Nova, 184 – Centro – Assaré, Ceará. Entrevista concedida em 14/10/2012 em Assaré – CE.

Narrativa de Francisco Eugenio Costa Oliveira, 52 anos, professor e curador da Fundação Balceiro de Cultura Popular, residente a Avenida Honório Vila Nova, 184 – Centro – Assaré, Ceará. Entrevista concedida em 14/10/2012 em Nova Olinda – CE.

Narrativa de Marcelo Pereira Martins, 25 anos, brincante e membro da Fundação Balceiro de Cultura Popular, residente a Coronel João Alves, 86 – Centro – Assaré, Ceará. Entrevista concedida em 14/10/2012 em Assaré – CE.

Estatuto da Fundação Balceiro de Cultura Popular, registrado no cartório de 1º Oficio em Assaré, em julho de 2007.

[1] Graduando em Administração Pública e Gestão Social, Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri, 3º semestre, disciplina Sociologia Brasileira.

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Inácio Arruda: PCdoB, noventa anos pelo Brasil

Estamos festejando os 90 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o mais antigo da nossa história, com uma trajetória admirável de luta pela liberdade e de fidelidade aos interesses dos trabalhadores.

Fundado em 25 de março de 1922, cinco anos depois, elegeu dois vereadores no Rio de Janeiro. Em 1930, lançou para presidente da República um operário negro, Minervino de Oliveira. O partido foi quem primeiro publicou o Manifesto Comunista e as obras marxistas no Brasil.

Nos 63 anos que vão de 1922 a 1985, o Partido teve apenas dois anos e quatro meses de legalidade. Elegeu, para a Constituinte de 1946, Luiz Carlos Prestes senador, e 14 deputados federais, entre eles João Amazonas, o mais votado no Rio de Janeiro; Grabois, Marighela, Jorge Amado e Claudino José da Silva, o único negro no Congresso. Mas em 1947 o Partido foi arbitrariamente colocado na ilegalidade e, no início de 1948, os mandatos comunistas foram cassados – aliás, no dia 13 último, apresentei no Senado projeto restituindo o mandato de Prestes.

O partido lutou pela ampliação da democracia e pelos direitos sociais dos trabalhadores e da população, mesmo nas condições mais adversas. Participou dos grandes movimentos nacionais contra o nazifascismo, da campanha “O petróleo é Nosso”, da resistência do Araguaia, das campanhas pelas Diretas, Anistia e Constituinte.

Em 2003, Lula foi empossado presidente da República. O PCdoB esteve com Lula desde a construção da Frente Brasil Popular em 1989, para que o país assumisse um projeto mais avançado de desenvolvimento com inclusão social. Foi chamado por Lula a participar do governo do Brasil. Atuou também na eleição da presidente Dilma Rousseff.

Todo esse protagonismo do PCdoB o credencia a participar dos governos e das disputas eleitorais. Quase centenário, permanece jovem, com uma militância aguerrida de homens, mulheres, trabalhadores da cidade e do campo, dos movimentos culturais, sociais, da juventude e apresenta propostas ousadas de desenvolvimento para o país e os nossos municípios.

Inácio Arruda é senador pelo PCdoB/CE

Fonte: http://www.vermelho.org.br

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Um opinião em resenha sobre o livro, Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no Sertão

BARRETO, Marcos Salmo Lima. Resenha do Livro Padre Cícero: Poder Fé e Guerra no Sertão. São Paulo. Ed. Companhias das Letras. 2009, com 544 páginas.

Ao realizar uma rápida pesquisa encontramos muitas coisas sobre a vida do escritor e jornalista Lira Neto, cearense do município de Fortaleza. Com apenas 48 anos, é um autor especialista em biografia. Cursou o antigo segundo grau, na Escola Técnica Federal do Ceará, atual Instituto Federal de Educação Tecnológica (IFETE). Nunca exerceu a profissão de Tecnólogo em Topografia e Estradas. Lira preferiu abrir caminhos na educação, lecionou ciências humanas e linguagens e códigos, por diferentes escolas da capital cearense. O jornalista graduado pela Universidade Federal do Ceará, antes de começar como revisor do Jornal Diário do Nordeste, (Fortaleza – CE), cursou ainda Filosofia e Letras. No jornal cearense O Povo atuou em diferentes funções desde repórter especial a editor do caderno de cultura. Lira Neto participou, com destaque de um importante movimento cearense, chamado “poesia marginal”, foi onde publicou as suas primeiras produções literárias. O jornalista e escritor tem artigos, entrevistas e reportagens publicados em alguns dos principais jornais e revistas do Brasil. Já esteve coordenador editorial, em duas importantes editoras: Edições Demócrito Rocha (Fortaleza) e Contexto (São Paulo). Em 2007 o livro: O inimigo do Rei: Uma biografia José de Alencar (Editora Globo) foi agraciado com o Prêmio Jabuti de Literatura, como a melhor biografia do ano. E é nesse universo de muito estudo e conhecimento do autor, que no momento escreve a biografia de uma das figuras mais intrigantes da política brasileira, Getúlio Vargas, é que faremos uma resenha do livro que retrata a história de um homem, de um povo e de um Estado / nação chamada Nordeste.

O livro Padre Cícero: Poder Fé e Guerra no Sertão, já no seu prólogo oferece ao leitor diferentes nuanças de sentimento em relação a uma das figuras mais importante para a religiosidade, sociedade, economia, cultura e educação do Nordeste Brasileiro. Para os que conhecem intrinsecamente a história de Cícero Romão Batista e são devotos do santo nordestino, uma sensação de surpresa e expectativa por um possível processo de reabilitação do Padre Cícero. Para os que o estudam, é uma introdução envolvente que fomenta uma leitura atenciosa e crítica da obra do Jornalista e Escritor, Lira Neto. O trecho onde o relatada a retirada do processo da expulsão do Padre das prateleiras empoeiradas, nos remete a viajar simbolicamente ao passado vivenciando cada momento da vida do homem que tornaria o sertão nordestino, em uma terra de fé e luta.

A pesquisa bibliográfica que resultou na obra já citada é apresentada ao leitor em duas etapas, a primeira denominada de Cruz, que começa quebrando a mística criada pela oralidade popular que o Padre Cícero fosse a reencarnação do próprio Jesus Cristo. Contando da história do nascimento do futuro padre até as provações religiosas, políticas, perseguição do clero e o até hoje polêmico, milagre da hóstia da Beata Maria de Araújo. Na segunda parte, denominada de Espada, relata os rumos tomados por Cícero com a chegada de outros influentes personagens que estão diretamente relacionados a muitos acontecimentos, como guerras, lideranças políticas, jogos de interesses, governo até a morte do reverendo em 1934. As 544 páginas do livro nos contam a fundo todos esses momentos da história do Nordeste e aqui iremos abordar alguns fatos importantes ocorrida na época.

Padre Cícero era um jovem que pensava sempre a frente do seu tempo, inteligente, com ideais revolucionários para época, e que sabia muito bem como alcança os seus objetivos. A sua formação cidadã, muito politizada, que chegava a enfrentar os respeitáveis e intocáveis da instituição católica, fora construída muito antes mesmo de ele ir ao seminário, o padre João Marrocos e o homem que iniciou ainda que em pequenas proporções as manifestações religiosas populares, Padre Ibiapina, mentor e influenciador das primeiras irmandades de penitentes da região, foram pessoas importantes para que Cícero se tornasse esse rapaz astucioso e cheio de sonhos e objetivos. Um dos pontos que me leva a esse pensamento é justamente quando acontece o falecimento do seu pai e ele relata um sonho ao coronel, que assobrado resolver financiar seus estudos.

Ali pude perceber que o jovem Cícero era um homem que tinha estratégias bem definidas para alcançar as suas metas. O engraçado que esses sonhos, sendo verdadeiros ou não sempre apareciam em favor de Cícero como ferramenta de barganha. Em uma época em que o imaginário popular repleto de simbolismos estava presente no dia a dia do povo sertanejo. Histórias de lendas do folclore nordestino corriam pelo sertão adentro com muita agilidade principalmente através da literatura de cordel. Isso contribuiu no desenvolvimento da liderança do Padre junto aos fiéis. Mas ao mesmo tempo foi doloroso para o ele ter que conviver com uma série de fatos e acontecimentos que iniciaram e tomaram outras proporções graças ao imaginário do povo nordestino. Na época o povo do sertão era assolado por muitas desgraças, como fome, seca, pestes, migrações, os sertanejos não tinham em que se apegar, o alto clero desprezava – os, os governos e seus representantes os tinham apenas com animais de um curral eleitoral e que não se preocupavam com o bem comum. Quando relatei a influencia de Ibiapina na formação de Cícero, foi justamente por que o recém seminarista retorna a cidade natal de Joazeiro (forma como se escrevia e chama o atual município de Juazeiro do Norte), para ajudar esse povo oprimido por adversidades sociais e naturais. Cícero percebeu o quanto poderia ser importante para ele e para essas pessoas de forma recíproca. A promoção da religiosidade popular feita por José Marrocos, filho de João Marrocos também contribuía para o crescimento da religiosidade popular. O acontecido do milagre da hóstia que virava sangue na boca da beata, por várias vezes, pode ter sido um advento planejado ou não na vida do Padre Cícero Romão Batista. Se na época a Igreja tivesse apoiado este acontecimento poderia ter feito da cidade de Juazeiro do Norte naquela época um dos maiores centro religiosos do mundo, mas eles foram à contra – mão desse pensamento e foi justamente onde iniciou – se a principal guerra batalha espiritual, política que faria o Padre Cícero sofrer e muito e o tornaria o cearense do século, mesmo após a sua morte. A forma como até hoje se espalham os boatos boca a boca e a força popular que o padre ganhou a partir desse milagre, fez com que a igreja se sentisse ameaçada. As acusações que o Padre Cícero enfrentou foi uma batalha dura para ele, pois a igreja não aceitava que no Nordeste Brasileiro, país e região subdesenvolvida fosse capaz de prover um milagre. O próprio bispo, segundo relata Lira Neto, dizia que Jesus Cristo não iria se ocupar em vir ao Brasil em um lugar seco e pobre realizar um milagre. Essa afirmação nos leva a refletir que a Santa Igreja Católica não estava preocupada se o milagre da hóstia era verdade ou não, a se era coisa de Deus ou não, mesmo tendo usado Deus como principal motivo nas pesadas acusações a Cícero e todos que colaboraram com ele, mas a principal preocupação da instituição era o medo ter que gastar os tesouros da igreja cuidando de pobres miseráveis nordestinos, povo pobre e sofrido (no pensamento eclesial).

A perseguição a beata, as provas do milagre, as insistentes tentativas de afastar o padre da beata e a caça a excomunhão de Cícero, que nunca foi um dos favoritos do bispo no Ceará, exigiu de Padre Cícero e amigos como José Marrocos serem ainda mais estrategistas, buscando inclusive tratar do assunto direto com o papa sem terceiros. Essas repercussões mundiais do milagre de Juazeiro e todos esses acontecimentos juntos no passar dos anos foram fortalecendo O Padre Cícero junto à população, e mais uma vez ele soube como ninguém aproveitar a oportunidade de se tornar o grande líder espiritual e político do povo que se instalava em Juazeiro, ao mesmo tempo em que lutava pela direito de continuar sendo padre. Na segunda parte do livro depois de muita lutar e sem sucesso o padre ameniza a sua luta religiosa em defesa do milagre, buscando sempre seu retorno a igreja e dar inicio a uma carreira política, nesse momento a figura de Floro Bartolomeu é importante se tornando uma espécie de “marqueteiro” político de Cícero.

Nessa nova fase além da batalha religiosa, e a espiritual que Cícero traçou consigo mesmo, a batalha contra o Estado ganhou proporções nacionais. Foi o momento que o ele mostrou-se um líder na guerra, quando derruba o governo e se estabelece a guerra da sedição de juazeiro tendo Floro Bartolomeu sempre como o seu fiel escudeiro. Esse período o padre milagroso aflorou as suas características ambíguas de poder política e religião, sendo capaz de usar da admiração religiosa que o cangaceiro Lampião tinha por ele, para atender interesses políticos da república, convocando – o para a luta contra a coluna prestes, chegando a enganar o cangaceiro concedendo lhe um título no mínimo irregular, para não dizer falso, de capitão. Depois de vitoriosas batalhas o Padre passa a ser visto de outra forma junto às lideranças políticas do Ceará e Brasil, principalmente exercendo a função de prefeito por um longo período, quando desmembrou Juazeiro do Norte da cidade de Crato. Com a idolatria religiosa de milhares de peregrinos o padre ganhava agora militantes religiosos e políticos que o defendiam até a morte. Com isso os interesses políticos começaram a se articular, o padre foi vice-presidente do ceará e bem mais em seguida viria a ser deputado federal, mesmo sem ir a sessão na capital Rio de Janeiro. Mas tudo isso foi possível graças a articulação astuciosa de Floro que aproveitando – se da situação tornou o padre em um líder político.

Floro Bartolomeu depois de ser o comandante de muitas batalhas, articulou – se e virou um parlamentar as custas das fama e discurso forte do Padre Cícero. Ao mesmo tempo em que exercia o seu papel de político e prefeito desenvolvendo o município de Juazeiro do Norte, o padre nunca desistia de suas investidas de ir ao vaticano, na busca pelo seu re-ligamento à igreja. Talvez tenha ele entrado na política para unir a força e influencia da Igreja e Estado na sua re-condução aos quadros eclesiásticos. Padre Cícero foi um homem que conseguiu unir em uma única pessoa o poder da Igreja junto aos fiéis e alguns padres defensores dele e junto ao Estado e eleitores como ninguém. Ele foi um estrategista, visionário, progressista e religioso, ao mesmo tempo em que pessoas se aproveitaram dos seus problemas, potencial e até mesmo os que o traíram para tirar vantagens.

O milagre da hóstia virar sangue para os que acreditam na fé, foi um advento religioso, acredito que igreja possui grande dívida com os milhares de sertanejos que buscaram na sua fé confortar e amenizar a dor que as suas almas sentiam com o sofrimento. Para os que acreditam no “acontecido” da hóstia ter virado sangue, poderíamos dizer que foi um grande plano para se buscar a queda de lideres burgueses religiosos da igreja e o reconhecimento dela aos que foram protagonistas desse advento, que acabou se transformando na metrópole de Juazeiro do Norte, que nos leva a refletir se esse não foi realmente o milagre de Maria de Araújo e Padre Cícero Romão Batista.

O livro é muito interessante para os futuros administradores públicos poderem fazer uma análise minuciosa com coisa que irão se deparar pela frente. Não apenas como profissionais estrategistas, que irão desenvolver políticas públicas em favor do bem comum. Mas sim para entender o dinamismo da gestão pública que sofre interferências exteriores ligadas diretamente com as ações internas, como as questões de interesses políticos, do poder econômico. É interessante que vejamos a política em um ângulo de 360 graus, para que o verdadeiro papel do administrador público não seja desviado. Questões de ética, planejamento, liderança, poder, relação de confiança nos remete ao pensamento de que é preciso construir esses princípios básicos através do dialogo. Padre Cícero foi um revolucionário, religioso, que defendeu os seus interesses assim como o do povo nordestino, que foi traído, perseguido, mas preocupou-se sempre em defender o seu Juazeiro do Norte, o seu povo e a sua gente. Administradores poderão sofrer coisas parecidas com as do padre, mas terão sempre que ter a mesma preocupação dele: defender o bem comum.

BARRETO, Marcos Salmo Lima. Resenha do Livro Padre Cícero: Poder Fé e Guerra no Sertão. São Paulo. Ed. Companhias das Letras. 2009, com 544 páginas.

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PC do B em Assaré se mobiliza para evento em comemoração aos 90 anos do partido

A direção municipal do Partido Comunista do Brasil em Assaré realizará nesse final de semana, 16 e 17, atividades voltadas para as articulações políticas referente as eleições de 2012 e a comemoração dos 90 anos partido no Brasil, por isso todo diretório municipal tem a honra de convocar e convidar, todos os filiados, militantes, presidente de outros partidos, lideranças políticas, lideranças comunitárias, movimento estudantil,  movimentos sociais, juventude, mulheres, poderes constituídos no município e todo o povo assareense e de cidades vizinha, para participarem do evento, que contará com a presença do camarada deputado federal Chico Lopes, lideranças municipais, regional e estadual do partido. O evento contará com a seguinte programação, no dia 16 de março a partir das 17h na Câmara Municipal ocorrerá o curso de formação do Programa Socialista, especifico para filiados e pré-candidatos pelo partido. No sábado, dia 17, a partir das 08:30h da manhã também na Câmara Municipal o evento que marcará uma das diversas comemorações pelo aniversário do partido, apresentações dos novos filiados e ato político, conforme

programação: 08h00minh – Recepção aos participantes. 08h30min – Composição da Mesa; 08h40min – Abertura Oficial do Evento; 09h00min – Apresentação de novos filiados e ato de filiação; 09h20min – Apresentação de vídeo institucional; 09h30min – Fala das lideranças do partido; 10h00min – Ato político; 11h30min – Encerramento;

Se você ainda não se filiou ao PC do B, procure o diretório municipal e junte – se a nós na luta pelo socialismo.

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“A JUVENTUDE É O FUTURO DO BRASIL”, PURA MENTIRA SOMOS O PRESENTE DESTA NAÇÃO

Você acha que a juventude é o futuro desse país? antes de responder leia o texto abaixo e comente, deixe a sua resposta.

É comum ouvirmos em debates, conferências, nas escolas, em discursos de candidatos a cargos políticos que desejam conquistar o eleitorado jovem, que: A juventude é o futuro da nação. Na verdade é uma afirmação de pessoas que entendem que ser jovem é: curtir festas, participar de torneios esportivos, apresentar – se em show`s de calouros, ir para as festinhas, dançar quadrilha junina, etc ou ainda são aqueles que movimentam o grêmio estudantil da escola, não como protagonista de uma democracia escolar, mas como mais um elemento de um conjunto de atividades e instituições necessárias para a existência de uma gestão escolar.

Porque a juventude não é chamada pela grande maioria de partidos políticos? Por lideres políticos? Será que não são capazes de contribuir, construir e colaborar no desenvolvimento de uma comunidade? A bem da verdade é que a afirmação do começo deste texto e um descrédito atribuído aos jovens que acabam justificando a não participação dos mesmos de uma vida política, seja como candidato, militante partidário ou simplesmente cidadão.

É preciso que a juventude participe ativamente da política, não apenas partidária, mas na construção das políticas públicas, na luta por conquista de direitos e em defesa dos interesses sociais do povo brasileiro e de cada lugar do Brasil.

É importante que nós jovens, nesse momento eu me incluo como um, precisamos está sempre em alerta para o que acontece na comunidade, o seu desenvolvimento, a sua melhoria, as suas falhas para que possamos colaborar e ainda  é necessário desenvolver uma grande articulação para que outros jovens venham para o debate, entendam porque temos que ser protagonistas na política e que o futuro de cada comunidade está no presente que os jovens podem e devem construir.

Juventude significa dinâmica, novas idéias, pensamentos renovados, rebeldia, revolução, desejo por melhorias, criativos, precisamos ser fortes, questionadores, politizados. Os que não se enquadram nesse perfil estão apenas passando pela juventude, não estão construindo – a. O nosso tempo é o presente, devemos fazer e ser política, colaborar com debates e os rumos do presente e futuro, de forma justa, leal, democrática, sem medo de enfrentar perigos e barreiras em favor de todos, temos que batalhar por aquilo que nós acreditamos, lutando por contra tudo aquilo que entendemos ser maléfico para a sociedade, não podemos ser somente eleitores a serem conquistados, ou cidadãos que serão ajudados, nós seremos aqueles que apresentaremos soluções, que vamos às bases, ao povo, na raiz de onde tudo acontece, em cada rua, bairro, cidade, estado ou país.

Precisamos nos unir, somos fortes, somos jovens, somos capazes, somos lideres e temos liderança, somos formadores de opiniões, precisamos ser a juventude que derrubou governo, que conquistou direitos, que precisa lutar contra o imperialismo, contra a corrupção, contra o monopólio da mídia, que precisa buscar melhoria na educação, cultura, esporte, saúde, mobilidade urbana, respeitos as diferenças, fortalecer e efetivar os direitos humanos.

Os espaços políticos e sociais precisam ser ocupados pela juventude, pois o mundo mudou, muitas coisas se transformaram, uma grande parte da juventude passou a ocupar outras espaços, que não são os nosso, fomos empurrados, guiados e direcionados por deferentes vetores desse processo de mutação da sociedade, como por exemplo a grande mídia de massa.

Os poucos que ainda continuam ocupando os espaços, conquistados ao longo da história, agora lutam pela agregação de forças, para voltarmos a construirmos o nosso país, com a cara da inovação, coragem e espontaneidade da juventude. A esse processo se juntem todos jovens etários, de idéias, os dinâmicos e criativos.

Precisamos discutir e debater muitos assuntos, estarmos antenados com o mundo em que vivemos, vamos traçar um caminho participativo, vamos participar do debate político, seja em que setor for, como candidatos, eleitores politizados, militantes partidários, militantes sociais, não importa, a juventude na política é uma necessidade e prioridade.

Esse modelo de total direita implantada desde os coronéis, de venda do exercício da cidadania, do direito a liberdade de escolha, precisa acabar e se construir uma política séria, onde o direito a escolha seja livre, onde possamos trocar o nosso direito como cidadão, por melhoria na qualidade de vida, melhoria na educação, na construção de uma comunicação social imparcial, nos avanços da cidadania cultural, no respeito as diversidades, entre tantos e tantos outros assuntos que dizem respeito a todos nós.

Vou aqui usar um pequeno trecho do advogado e contabilista Sérgio Francisco Furquim:

”A inserção da juventude na Política é de extrema importância para renovar quadros, trazer novas idéias e construir um novo caminho. Os jovens não podem ficar omissos, tem que acreditar na força como instrumento de transformação.”

Precisamos nos apropriar do debate, ter o entendimento que política nada mais é do que uma importante ciência presente em nosso dia a dia, e que temos que exercita – lá freqüentemente e nos apropriarmos dela, para que deixemos de ser o futuro do País, para sermos a transformação do presente.

Temos um passado, uma história inesquecível de lutas, dores, derrotas e conquistas, somos o presente e construiremos agora o futuro da nossa gente. A frente Juventude.

acessem: http://www.ujs.org.br

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Assaré realiza III Conferência Municipal da Cultura

Foto: Cícero Garcia

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Comunistas traçam estratégias no Cariri para as eleições municipais

Marcos Salmo e Bob Jefferson, secretário da cultura em Assaré e Potengi, respectivamente. Foto: Alexandre Lucas

  O Partido Comunista do Brasil – PCdoB realiza em todo o estado do Ceará os Fóruns de Integração Regional com o objetivo de fortalecer a formação teórica dos militantes e criar estratégias para o crescimento da organização partidária nos movimentos sociais e a preparação para as eleições municipais.

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PC do B de Assaré participará do Fórum de Integração Regional – Cariri

PC do B diretório Assaré pretende atingir a meta estabelecida na vigésima conferência estadual do PC do B. Eleger no mínimo um vereador nas  eleições de 2012

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Será Verdade?

Do imaginário popular nasce uma cidade, um mito…

 Há séculos, muitos séculos, quando a terra era de todos, existiam muitas espécies  raras e uma diversidade enorme de tribos indígenas.

Certo dia, Aça, o guerreiro mais forte da tribo Kariri, apaixonou-se pela filha do cacique da tribo Karius. E é aí que começa essa aventura.

Nas leis do povo Karius um guerreiro Kariri só poderia casar-se com uma índia Karius se oferece – lhe uma caça muito rara da região.

O guerreiro já apaixonado pela linda índia saiu de sua tribo e dirigiu-se até os Karius, chegando lá disse:

 – Grande chefe da nação Karius, sou o guerreiro Aça da tribo Kariri, vim até aqui para casar-me com sua filha.

– Guerreiro Kariri deves saber que só permitimos o casamento de nossas mulheres com guerreiros de outra tribo se o guerreiro vencer o desafio imposto por mim.

– Muito bem grande chefe qual o desafio que devo cumprir? Perguntou o Aça.

Naquele tempo corria entre as tribos, que em uma região próxima dali viva um pássaro de plumagem negra, com olhos amarelos e brilhantes que tinha o poder de curar doenças. Para muitos índios o pássaro era só uma lenda, inclusive para o grande chefe Karius. Então o chefe resolveu :

– Grande guerreiro kariri se quiser casar com minha filha terá que trazer para mim o grande pássaro sagrado Ré, para ajudar a proteger meu povo de doenças.

Destemido Aça saiu em procura do grande pássaro, andou dias e dias, mata à dentro, rodou toda a região. Após cinco dias de procura o guerreiro já cansado para em baixo de uma arvore frondosa em busca de descanso e adormeceu. Observando o índio dormindo estava uma onça preta preparando – se para atacá-lo. O índio escuta um barulho e acorda assustado, nesse momento o bicho o ataca e travam uma grande luta até que o guerreiro consegue matar o animal feroz. Mas a fera o deixou muito ferido quase sem poder andar. E o índio começou a clamar:

– Grande pássaro sagrado, por favor, ajude – me!

De repente da alta escuridão das árvores aparece um olhar brilhante que se aproxima rapidamente e pousa no ombro do índio e ao olhar para as feridas do guerreiro o seu olho brilhou e todas as enfermidades sumiram.

– Obrigado por acreditar que sou real! Exclamou o pássaro.

– Grande pássaro Ré obrigado por me salvar, mas vim aqui para caçá-lo, pois o povo Karius precisa de sua ajuda! Por favor, volte comigo ajude o povo e assim me ajudará de novo fazendo com que eu possa casar com a filha do chefe.

– Guerreiro que de longe veio a minha procura acreditou que sou real, por isso irei com você ajudar a tribo. Respondeu o pássaro.

Assim Aça e Ré voltaram para a tribo Karius e como era uma promessa o chefe permitiu que ele se casasse com a sua filha. Após o casamento Aça retornou para o lugar que o pássaro o encontrou e ajudou, e decidiu morar ali com a sua esposa.

– Minha amada esposa esse lugar é sagrado, foi onde conseguir encontrar o grande pássaro que cura e te – lá como esposa, por isso irá morar aqui nessas terras comigo.

– Meu amado e forte guerreiro Kariri vamos chamar estas terras de Açaré  unindo sua força guerreira à sabedoria do pássaro Ré para dar nome a essas terras, teremos solos férteis e água em abundancia para nossos filhos.

Desta maneira surgiu a pequena comunidade de Açaré com a união de povos e virtudes.

 História colhida do Imaginário Popular Assareense

(Sr. Luiz Paes de Castro – in Memorian 92 anos)

Marcos Salmo Lima Barreto

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